terça-feira, 13 de abril de 2010

TOM BRASILEIRO

Notas dissonantes
Uma orquestra na cabeça
Contemplações de um arquiteto da beleza
Da música que toca a alma.

Toca... Sem saber...
Quem é;

É o mistério profundo?
É o queira ou não queira?
É o vento ventando?
É o fim da ladeira?
Talvez a viga, o vão, a festa
Festa da cumeeira
É a chuva chovendo,
É conversa ribeira

Conversa que se mistura ao oco da jardineira

Do redentor...
Cromatismo surdo da cidade maravilhosa
Tons fascinantes;
Litorânea imagem sonora
Sons que soam suavemente
Como o barulho das ondas do mar
Como a revolta de um vento insistente no ouvido
Agudo assobio entre as árvores a cantar

Lembranças antigas,
O mar que brinca na areia
Que está sempre a chamar
Pensava: sei que não posso faltar
Lembranças...

Um ilustre maestro
Antes, apenas um menino
Outrora, atento aos ruídos
Embrenhando-se nas matas

Imitando...

Pássaros lindos que soam
Macho atraindo a fêmea
Depois a fêmea que ao macho foi conquistar

Ao fim, via o garoto o encontro das aves
Orgulhoso, saía a pular para os braços da natureza
Para ele, seu lar!

Da brisa se ouvia sustenidos
No seio da vida, a paisagem destemida
Grande espetáculo
De areias quase desertas
Pitangueiras, banhos de mar
Constelações a contemplar

Infância...

Uma casa tipo igreja
Grades de ferro
Um simples jardim na frente
Lá, sua mãe, na hora da boa hora
Seja bem-vindo Antonio

Brasileiro...

O parto se fez difícil, demorado
Quase que perdemos o tom
Os acordes perfeitos
Já pensou?
Ficar sem a música da alma
Feita para abrigar o coração do mundo
De alguém que olhou tudo

Tudo à sua volta...

Andando pela praia
Deitado na areia gelada
Sentado no degrau da cozinha
Contemplando

Vendo...

Vivendo...

A pintura do céu
A riqueza das flores
Vibrando harmonias
Dedicadas às meninas, ao rio, à praia...

O amor...

Chega aos dezesseis

Nome: Thereza

Incontrolável paixão
De bar em bar
Soando notas profundas
De um piano a tocar

Agora sabia:
Eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade meu amor
Casamento!

Conheceu o outro lado da paixão
Dificuldades, dinheiro pra morar
Jovens apaixonados
Nada impossível; tudo a conquistar

Juntos... O sucesso
Casal eterno!

Tudo mudou...

Nosso maestro esqueceu...
O matrimônio...

Importante agora:
Boemia
Sonhos próprios

Separação...

Novo momento
E que momento!

Mudança...

Sempre a tempo!

Tempo que trouxe Pixinguinha
Que um dia falou:
“Antonio, o importante é ser feliz”
E a vida foi assim
Agora era essa a meta:
Deixar de... exagerar
Tranquilidade era só cultivar

Encontrou Ana.

E bem de mansinho disse:
É impossível ser feliz sozinho

Companheira, novo amor
Deixou de beber
Cuidou de si mesmo
O lar agora: Jardim Botânico
Criações inesquecíveis; tom brasileiro

Eh! Antonio!

Uma vez disse:
“Cada mulher que não tenho é uma nova canção”

E bem mais...
Cada música guardava
Nas harmonias e nas letras
Um luminoso Brasil
Da criação
Inspirada...
No vento, nas matas
Embalando as tardes de sol
Os corações....

Amou seu povo (mesmo estando longe)
Amou as praias
A música que saía do piano
Sons que sempre ouviu na floresta

Desabafou:
“Enterrem meu coração na areia da praia quando eu morrer”
Areias das pegadas
De uma música que guardava
Dentro de suas harmonias
De suas letras
A lírica perfeita
Feita em companhia de grandes parceiros
Grandes interpretes
Vinícius... Elis... Sinatra...

Amado em todo mundo
Arquitetou milhares de músicas

Criou a garota...

Linda...

De Ipanema...

Emergiu assim nas águas do Rio de Janeiro
Nas mãos:
Estrelas e conchas
Criadas sonoras... por ele
Pra embalar nossos sonhos

Esperanças...

No olhar de seu ritmo
Desvendou a todos e protestou com os amigos
E nos fez entender
Um Brasil brasileiro
Regendo o tempo inteiro a vida
A poesia
Um amor sem fim... É assim...

Obrigado maestro,

Antonio Brasileiro

Obrigado Tom,

Tom Jobim!

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